Os estados de salinidade, pH e redox são propriedades fundamentais que caracterizam as águas naturais. Estas propriedades das águas superficiais no início de Marte refletem ambientes paleoelétricos e, portanto, fornecem pistas sobre o paleoclima e a habitabilidade do Planeta Vermelho.
A Terra é o único local conhecido onde existe vida. Provavelmente, demorará ainda algum tempo até que seja possível medir ou detetar vida além do Sistema Solar, mas este já nos oferece várias pistas que nos fazem perceber que é muito difícil reunir todas as condições para que a vida prospere.
Marte está no topo da lista dos possíveis candidatos para albergar vida. Primeiro, é relativamente próximo do nosso planeta, em comparação com as luas de Saturno e Júpiter, que também são consideradas boas candidatas para descobrir vida além da Terra no Sistema Solar.
Além disso, o Planeta Vermelho é extremamente observável porque carece de uma atmosfera espessa, como a de Vénus. Até agora, existem também algumas evidências de que a temperatura e a pressão deste planeta pairam em torno do ponto em que água líquida pode existir.
Segundo o EurekAlert, existem também fortes evidências, na forma de deltas observáveis nos rios e medições mais recentes feitas na superfície de Marte, de que a água líquida fluía em Marte milhares de milhões de anos atrás.
Os cientistas estão cada vez mais convencidos de que Marte já foi um bom lugar para albergar vida. Se foi ou não habitado ainda é uma questão que permanece em aberto.
Contudo, para tentar restringir as perguntas e chegar a uma conclusão, a comunidade científica está a tentar entender a química da água que poderá ter gerado os minerais que hoje conseguimos observar no Planeta Vermelho.
Salinidade (quantidade de sal presente), pH (o quão ácida a água era) e estado redox (uma medida da abundância de gases como o hidrogénio [H2, que é denominado ambiente redutor] ou oxigénio [O2, denominados ambientes oxidantes]) são propriedades fundamentais das águas naturais. A atmosfera moderna da Terra, por exemplo, é altamente oxigenada.
Medições remotas recentes em Marte sugerem que os seus ambientes antigos podem fornecer pistas sobre a habitabilidade precoce do planeta. Os resultados da investigação foram publicados recentemente na Nature Communications.
As propriedades da água dos poros dentro dos sedimentos aparentemente depositados nos lagos da Cratera Gale, em Marte, sugerem que esses sedimentos se formaram na presença de água líquida com pH próximo ao dos oceanos modernos da Terra.
Os oceanos da Terra são, naturalmente, hospedeiros de inúmeras formas de vida. Isto significa que parece muito plausível que o ambiente inicial da superfície marciana tivesse sido um lugar onde a vida contemporânea da Terra poderia ter vivido.
Ainda assim, o porquê de ser tão difícil encontrar evidências de vida em Marte permanece um mistério.