Prevê-se que até ao final deste ano, a dívida da economia mundial atinja os 277 mil milhões de dólares. A pandemia de covid-19 é um dos fatores responsáveis.
A pandemia de covid-19 não só está a deixar a nossa saúde em risco, como também está a ter um efeito devastador a nível económico. A economia mundial deve a si mesma quase quatro vezes a sua produção anual e avizinha-se uma “bolha de dívida”, que se prevê que atinja os 277 mil milhões de dólares no final do ano.
O mundo está a sofrer um “ataque do tsunami de dívidas”, segundo o Instituto Internacional de Finanças (IIF). Segundo a Newsweek, nunca antes a dívida foi tão alta como número total nem tão alta como uma percentagem desde o rescaldo da Segunda Guerra Mundial.
“A dívida é um problema administrável. Isto não quer dizer que haja riscos significativos associados ao acúmulo de dívidas – os mais óbvios são os governos que procuram reduzir o peso real da dívida inflacionando-a, deixando de pagar as suas dívidas ou uma crise exigindo austeridade significativa – mas os custos de financiamento são incrivelmente baixos”, explica Ian Stewart, economista-chefe da Deloitte Reino Unido.
Ethan Ilzetzki, professor na London School of Economics, considera que “não é útil pensar em dívida como algo bom ou mau”. Em declarações à Newsweek, o economista explica que “a dívida serve ao propósito de permitir que os países e as pessoas tenham a hipótese de fazer as coisas na altura em que querem, em vez de quando as receitas chegarem”.
“Este é exatamente o tipo de altura para o qual a dívida pública foi projetada – guerras, pandemias, recessões massivas”, acrescentou. “Os governos deveriam acelerar os gastos praticamente a qualquer custo, dadas as atuais circunstâncias por causa da profundidade da recessão que enfrentamos e preocupar-se com as consequências no futuro”.
Face à pandemia, os líderes da União Europeia acordaram um fundo de 750 mil milhões de euros para fornecer subsídios e empréstimos aos países mais afetados.
“A decisão tomada sobre o enorme pacote de resgate com muito dinheiro alemão cruzou algumas linhas vermelhas até então invioláveis com o quanto eles estão a investir” disse Sir Kim Darroch, ex-representante permanente do Reino Unido na UE e ex-embaixador dos EUA.
“Eles [os alemães] opuseram-se à transferência de recursos para os países mais pobres da UE, mas este pacote de recursos parece um grande passo nessa direção. Talvez seja o último grande ato de governança de Merkel”, acrescentou.