É comum pequenos e médios empresários se iludirem com o sucesso apresentado nas redes sociais. Acreditam que, para atingi-lo, a exemplo dos que tentam fisgá-los com cursos milagrosos e supostamente eficazes, basta seguir seus passos. Alguns ainda defendem que estudar não é mais necessário, pois alegam que o empresário terá, comprando o seu treinamento, um aprendizado em algumas semanas, que supera em muito os 4 ou 5 anos de uma faculdade.
Para o especialista em gestão financeira Vinicius Guarnieri, é preciso valorizar a trajetória dos que nos apresentaram soluções inovadoras, fruto do imediatismo contemporâneo. Mas, por outro lado, jamais podemos descartar o conhecimento adquirido através do modelo convencional, oferecido nas universidades.
“Ou seja, levar em consideração medidas de quem tem por base a experiência não de apenas um ou outro caso de sucesso, mas de milhares de casos estudados e bem fundamentados”, apontou.
Vinicius diz ser a favor da divulgação de técnicas novas, mas com a ressalta de que nem tudo o que é inovação é bom e, principalmente, nem tudo o que é bom é inovação.
“É necessário distinguir muito bem o que seja um novo processo que deu certo e encurtou caminhos, favorecendo o sucesso rápido. Na maioria dos casos, os processos são idênticos aos já conhecidos, mas vestidos de expressões que sugerem um certo arrojo”, comentou.
Outro ponto argumentado pelo especialista foi o fato de que as redes sociais são balcões de anúncios. Alguém que vende um curso, um treinamento customizado, antigamente tinha que se virar para divulgar.
“A resposta era lenta para a maioria dos criadores de conteúdos. Quando uma palestra, de alguém reconhecido, caía na graça do público, ele acabava tendo de viajar o Brasil para atingir os muitos públicos pequenos.
Atualmente, um curso ou treinamento que o público das redes sociais gosta e recomenda ganha força, viralizando rapidamente – o que é quase uma redundância – e atinge um número exponencial de pessoas, proporcionando receitas nunca antes imaginadas no modelo antigo”, mencionou.
“E, na ânsia de venderem mais e mais, esses treineiros expoentes modelam – termo muito utilizado atualmente, para não dizerem nada se cria, tudo se copia – outros cursos que possam, na sequência, agradar o mesmo público e atrair ainda um número maior de seguidores. Tais cursos ou treinamentos, na maioria dos casos, são compactos, produtos de consumo imediato, literalmente”, completou
Ainda de acordo com Guarnieri, é preciso entender efetivamente quem aplicará tais técnicas, Quantos cursos compactos viralizados servem de base para se avaliar se quem os comprou os assimilou, aplicou, se deu bem e atingiu o patamar de sucesso prometido.
“Já comprei muitos cursos, por serem baratos, na ânsia de conhecer um tema que não me convenceria a investir milhares de reais, no modelo antigo. E não os terminei”, confessou.
Para Vinicius, não há como negar que, talvez, o objetivo não seja também esse: atingir um público que paga pelo conhecimento rápido e superficial, não utiliza o curso pelo qual pagou, porém não reclama.
“Fica para refletirmos sobre o assunto”, disse o especialista para emendar: “mas que não há milagres. Sucesso vem depois de muito trabalho e conhecimento, até mesmo para os mais imediatistas, pois se debruçam cada vez mais sobre as técnicas para o convencimento de seu público”.
Sobre Vinícius Guarnieri
Miguel Vinícius Guarnieri de Almeida Ferreira, ou Vinícius Guarnieri, é Engenheiro Agrônomo e especialista em Gestão Financeira. Fundador do Instituto de Transformação de Empresas (ITEM). Graduado em Engenharia Agrônoma pela Universidade Federal de Lavras (MG). É educador financeiro da Associação Brasileira de Educadores Financeiros (ABEFIN); consultor especialista em recuperação e reestruturação de empresas e treinamentos de equipes e desenvolvimento pessoal, além de ser palestrante, professor universitário, escritor e autor de vários livros.