A grande pandemia motivada pelo coronavírus vai ser económica, consideram especialistas que acreditam que no pós Covid-19, o mundo mudará de forma significativa em várias áreas. Certo é que a crise económica vai afectar os países de forma diferente, com Portugal e Itália como os mais prejudicados.
“Portugal, Itália e França poderão ser os países mais afectados pelas consequências” da pandemia de Covid-19, de acordo com as previsões da Coface, líder mundial em seguros de crédito, e do Banco de Portugal que são citadas pelo jornal Vida Económica.
Estas duas entidades analisaram o impacto do coronavírus sobre o crescimento económico e concluem que a Zona Euro apresentará um crescimento negativo médio de 1,6%. Mas Portugal ficará-se pelos 3,7% de crescimento negativo e Itália pelos 3,2% negativos. França terá um crescimento negativo de 2,1%, Espanha de 1,7% e Alemanha de 1,4%, segundo a previsão.
Já a consultoria de investidores Moody’s considera que os efeitos globais do coronavírus na economia mundial vão persistir até Junho de 2020.
“A rápida propagação mundial do coronavírus levou a uma deterioração das perspectivas económicas, a uma redução brusca dos preços do petróleo e a uma grande agitação no mercado financeiro, gerando um choque sem precedentes no crédito em muitos sectores de todo o mundo”, analisa a consultora. “A interrupção da actividade económica impulsionada por uma pandemia até Junho será seguida de uma certa recuperação na segunda metade de 2020“, mas “o potencial de resultados em baixa está a aumentar”, analisa a Moody´s.
A consultora entende que a flexibilização monetária global dos Bancos centrais e as medidas de política fiscal adoptadas pelos Governos vão garantir “algum alívio nas pressões de liquidez”, mas vão “afectar a rentabilidade em todo o sector financeiro” e vão “debilitar a capitalização de algumas seguradoras“.
Banca de Espanha e França com “impactos severos”
Avaliando em concreto a situação do sistema bancário europeu, o especialista Sean Marion do Departamento de Instituições Financeiras da Moody em Londres, salienta que haverá impactos severos” nos sistemas bancários de Espanha, França, Itália, Bélgica, Holanda e Dinamarca, com um aumento nas perdas de provisões associadas aos empréstimos com “impacto na rentabilidade dos Bancos“.
“Dada a magnitude” da pandemia, as medidas anunciadas pelos Governos “não vão ser suficientes para compensar totalmente as implicações negativas” da crise e algumas têm elas próprias “implicações negativas para as margens dos Bancos”, analisa o especialista que não faz qualquer menção directa a Portugal.
Nos casos de Alemanha e Reino Unido, a Moody´s também coloca os seus sistemas bancários no “negativo”, realçando que a crise vem dar seguimento a tensões e problemas que já se denotavam antes da pandemia, nomeadamente relacionados com o Brexit no caso dos britânicos, onde o crescimento económico já vinha a decrescer.
Por outro lado, Suíça e Suécia vão manter o seu sector bancário “estável”. Embora o coronavírus também vá ter um “impacto material” nestes países, os seus sistemas bancários têm contas bem consolidadas, com “forte capitalização” e “baixas taxas de empréstimos vencidos” que lhes garantem maior tranquilidade, refere Sean Marion.
No global, a larga maioria do sector bancário europeu terá capacidade para “absorver as perdas”, mas a situação continua “muito fluída”, o que requer um acompanhamento contínuo para avaliar o impacto real da crise, conclui o especialista da Moody´s.
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“Será a crise mais cara de toda a História”
Nesta altura, as dúvidas são ainda o tópico dominante quando se tenta projectar o futuro pós-Covid-19. O momento actual é “o cisne negro de todos os cisnes negros”, como analisa o futurista Thomas Frey citado pelo Diário de Notícias (DN).
Em termos mais localizados na Europa, o futurista Gerd Leonhard, também citado pelo DN, prevê a criação de um modelo “Estados Unidos da Europa”, dada a necessidade de os países europeus colaborarem mais de perto. Assim, a Covid-19 vai motivar a “hiper-colaboração” entre os estados europeus, promovendo a emergência da Europa como a nova líder global nos próximos anos 3 anos.
Por outro lado, os futuristas acreditam que países como EUA e Brasil vão mergulhar em “guerras civis digitais” devido ao facto de terem “governos lamentavelmente mal preparados”, bem como “total falta de planeamento e má gestão dramática do financiamento para saúde”, o que vai provocar “profunda agitação social”.
Os dois futuristas acreditam que o novo coronavírus “será a crise mais cara de toda a História”, constatando que “a pandemia económica” será muito mais grave do que a Covid-19, impulsionando “bancarrotas, suicídios, fraudes, roubos, sem-abrigos e mais criminalidade”.
Em termos gerais, prevêem que a queda nas viagens de avião e no turismo vai permanecer por algum tempo e que o coronavírus vai marcar o princípio do fim dos combustíveis fósseis, com um aumento da aposta nas energias sustentáveis.
Já o teletrabalho vai ganhar terreno, com as empresas a apostarem cada vez mais na realização de conferências, reuniões e formações de forma remota, através da Internet.
A tecnologia vai tornar-se na “nova religião”, antecipam ainda, falando de um “novo Renascimento”, onde a vigilância dos Estados através de meios tecnológicos se vai tornar no “novo normal”, como resultado das medidas tomadas para lidar com a pandemia.
O aumento da procura por produtos locais e dos vegetarianos são outras tendências assinaladas pelos dois futuristas que vaticinam também que haverá “uma transição laboral maciça”, com inúmeras pessoas a perderem os seus empregos e a terem que reinventar os seus percursos profissionais.
SV, ZAP //