A autoridade financeira continental adianta ainda que “o caminho para a estabilização dos preços está a progredir conforme o previsto”.
A Instituição Monetária Europeia (IME) optou nesta quinta-feira por diminuir os custos de crédito em 25 unidades percentuais, conforme já era esperado pelos investidores, marcando a sétima descida desde o início deste período de ajustes em meados de 2024.
Os valores aplicáveis aos depósitos overnight, às operações centrais de financiamento e aos empréstimos de liquidez serão reduzidos para 2,25%, 2,40% e 2,65%, respetivamente. “O controle da alta de preços segue conforme o planeado. Os índices de inflação, tanto o geral como o essencial, recuaram no último mês”, destacou a IME em nota oficial.
“O bloco econômico da moeda única tem demonstrado maior resiliência a perturbações externas, porém, as expectativas de expansão deterioraram-se devido ao agravamento de conflitos comerciais. O crescimento da instabilidade pode enfraquecer a confiança dos consumidores e das corporações, e as reações imprevisíveis dos mercados a essas tensões podem restringir o acesso a financiamento”, complementou o comunicado.
Medidas tarifárias são ‘impacto adverso’
A líder da Instituição Monetária Europeia (IME), Christine Lagarde, alertou que algumas barreiras comerciais já em vigor representam um “efeito negativo na demanda”, que pode intensificar-se com tributos adicionais.
Em coletiva após o anúncio da nova diminuição dos juros, a diretora da IME destacou o clima de imprevisibilidade e admitiu que as consequências das tarifas ainda não estão totalmente definidas.
“Temos ciência de que é um fator recessivo na procura e prevemos algum reflexo no desempenho econômico, mas o saldo final sobre os preços só ficará evidente com o tempo”, afirmou, reconhecendo que há possíveis desdobramentos, como a ruptura de cadeias de abastecimento, que podem gerar tanto pressões inflacionárias quanto o oposto.
Quanto ao cenário econômico, “o aumento dos conflitos comerciais globais provavelmente freará o avanço da região do euro e pode impactar investimentos e gastos das famílias”.
Lagarde ressaltou que parte dos impostos já está ativa, com elevações que variam de 3% para até 13% em produtos exportados para os EUA, mas também há a “possibilidade de medidas ainda mais severas, além de reações em estudo por parte das autoridades europeias”.
Diante disso, persiste grande incerteza, e “as escolhas das próximas semanas e meses serão cruciais”, lembrando que o prazo de 90 dias estabelecido pelo líder norte-americano para novas tarifas está prestes a expirar.
Nesse contexto, a dirigente assegurou que a decisão de reduzir os juros foi unânime entre os membros do conselho: “houve discussões, mas nenhum participante propôs um corte de 50 pontos”, concluiu.