A expansão das operações de financiamento para aquisição de imóveis em Portugal está fortemente associada ao avanço da imigração nos últimos tempos, segundo Miguel Maya, diretor executivo do BCP, em entrevista ao ECO. O dirigente ressalta que o aumento do contingente de estrangeiros fixados no território nacional gerou novas demandas por moradia, abrindo espaço para a atuação do setor financeiro. “Há muitos estrangeiros construindo trajetórias em Portugal, e a questão habitacional é essencial”, afirmou.
Maya relata que o BCP vem observando um crescimento nas solicitações relacionadas ao financiamento habitacional ligadas a esse movimento, frisando que a instituição mantém critérios rigorosos na liberação de crédito, priorizando solicitantes com vínculos estáveis com o país. “Se o indivíduo está aqui, quer se fixar, possui vínculo laboral, o BCP é a instituição a ser procurada”, declarou ao periódico, reforçando a estratégia de manter o perfil de “banco de proximidade”.
Sobre o mecanismo de aval público que visa facilitar a compra de imóvel por jovens, Maya defende sua eficácia, especialmente por possibilitar o financiamento integral nos casos em que o comprador não possui os 10% de entrada normalmente exigidos. Ainda assim, afirma que, se as regras regulatórias permitissem o crédito total sem restrições, esse recurso seria dispensável. “Não precisaria de garantia alguma se fosse possível financiar 100%”, observou.
O executivo do BCP também sugere que esse modelo de aval estatal seja reavaliado com base nos resultados práticos. “Se verificarmos que os casos em que o Estado teve de intervir foram raros, talvez a norma precise ser revista”, pontua.
Apesar do cenário de instabilidade econômica, Miguel Maya mantém uma visão positiva para o setor e acredita que Portugal está mais bem equipado para enfrentar desafios, graças à robustez do mercado financeiro e à capacidade de adaptação das famílias e companhias.